Análise do filme Órfã 2: A Origem (com spoilers)
Filme cativante e um retrato da cabeça de seres humanos monstruosos.
Adicionado a 23 de outubro de 2023 por Valewson.A seguir, temos a análise com spoilers do Gato Preto de Órfã 2: A Origem (Orphan – First Kill), filme americano de terror lançado internacionalmente em 2022, prequela de A Órfã (2009).
Lançado com o nome de Orphan – First Kill (A Órfã – Primeiro Assassinato ou Órfã 2: A Origem), a obra, uma estória de origem, seria lançado, originalmente, sob o nome “Esther”. O diretor, no entanto, mudou de ideia, pois queria enfatizar que o filme era uma prequela para A Órfã, o filme original. A película segue Leena Klemmer, uma mulher estoniana de 31 anos que sofre de hipopituitarismo. Esta doença caracteriza uma condição rara que afeta todo o sistema endócrimo de uma pessoa, o que faz com que a pessoa não cresça e tenha uma aparência infantilizada por conta disso.
Leena é uma paciente psiquiátrica, uma mulher vil e calculista, que pode ser definida como uma psicopata violenta e fora da realidade que, para sobreviver, especializou-se em dar golpes em famílias, passando-se por uma menina de uns nove anos, roubando-lhes os seus pertences e escapando ou assassinando todos os familiares. Ela é inteligente, altamente manipulativa e sabe ser encantadora e até sedutora quando é necessário.
Como uma estória de origem, o filme nos conta os eventos imediatamente anteriores ao longa A Órfã, longa de 2009, dirigido por Jaume Collet-Serra, que traz no elenco Vera Farmiga, Isabelle Fuhrman, Aryanna Engineer, Peter Sarsgaard e Jimmy Bennet.
A proposta do filme original era ser um tipo de terror/slasher com uma protagonista feminina e forte, e até certo ponto, o filme cumpre seu papel. No entanto, é em A Órfã 2 que vemos uma obra realmente cativante.
Dirigido por William Brent Bell, mais uma vez, vemos Leena seguir seu caminho, deixando um rastro de cadáveres para trás. Ao fugir de uma ala psiquiátrica na Estônia, ela busca por crianças desaparecidas que tenham bastante similaridades físicas com ela. É então que ela descobre Esther Albright, uma menina desaparecida que tem uma aparência bastante parecida com a dela.
Sem hesitar, Leena começa a sua encenação. Fingindo ser Esther Albright, a psicopata engana Tricia, a mãe de Esther, e depois a toda a sua família, em especial ao seu pai, Allen. Tricia tem mais um filho, Gunnar, que é um tanto arredio com a garota, mas tudo parece bem. Uma última chance é dada à anti-heroína de apenas roubar a família e desaparecer mas, como é esperado, ela não o faz, e é então que os eventos dão uma guinada em desfavor dela, e é aí que o filme começa a ficar realmente interessante.
Ao ir até a casa do detetive Donnan (Hiro Kanagawa) e assassiná-lo, Leena descobre que, na verdade, a menina Esther não desapareceu. Gunnar também é um sociopata juvenil e acabou matando a sua irmãzinha e Tricia, parte de uma rica família tradicional americana, não poderia simplesmente deixar seu agora único filho ser preso. Ela, no entanto, não podia explicar o que havia acontecido para o seu marido, Allen, e escondeu o cadáver da menina. Era tudo, tudo, uma farsa satânica. Esther estivera morta todo esse tempo e Tricia, vivendo uma mentira, junto de Gunnar e Allen. Eles também eram psicopatas. Eis uma reviravolta interessante para a trama.
Não só Tricia escondeu o cadáver de sua própria filha, de cinco anos, jogando-a dentro de um poço. Ela fora até a Estônia buscar uma pessoa que ela sabia ser impostora, fingiu para a impostora que acreditava na sua mentira e a levou para casa, tudo para que o seu marido voltasse a ser carinhoso com ela. Sim, a verdadeira vilã do filme não é a psicopata esquizofrênica. É a psicopata narcisista.
Tricia faz um acordo com Leena, de dar tudo o que ela quer em troca de seu silêncio, ou deportá-la de volta para a Estônia. A menina-mulher aceita, mas logo descobre que Gunnar não gostou nem um pouco da ideia. Quando Allen vai viajar a trabalho, Tricia e Gunnar planejam matar Leena/Esther, mas esta toma a iniciativa e tenta assassiná-los primeiro. E é aí que as coisas desandam. Esther tenta fugir deles, mas é encontrada pela polícia e, ao ser levada para casa, começa a sequência final de acontecimentos, onde Leena/Esther é empurrada de uma escada e várias sequências de pancadaria seguem-se, até que a moça mata o rapaz. Depois, ambas as mulheres acabam pondo fogo na casa, e Leena/Esther derruba Tricia do telhado. O final é triste, pois temos uma trama embasada na perda, onde uma família sofre porque um de seus membros foi perdido, e acabamos nos deparando com uma trama cheia de reviravoltas, onde aqueles que deveriam ser os principais protetores da menina acabaram sendo-lhe os algozes. Leena cai de pára-quedas nesta família horrível, despedaçada e poderosa, e precisa descobrir qual é o seu lugar, antes que seja tarde.
Um último adendo sobre este filme é que, mesmo tendo sido oficialmente lançado em quinze de setembro de dois mil e vinte e dois, ele tem alguma intertextualidade com o lançamento de 2023, o controverso O Som da Liberdade. Embora A Órfã 2 não trate, propriamente, de tráfico humano de crianças, ele trata de abuso e maus tratos infantis, e é por isso que o filme é cativante. Ele é um retrato da cabeça de três seres humanos monstruosos, dois deles abusadores, não de maneira sexual mas, ainda assim, abusadores, de uma simples menina de, então cinco anos.
No fim, o filme não é uma obra-prima da cinematografia mas, em 2023, o que é? Não se fazem mais filmes como antigamente, o cinema não é mais a sétima arte, como costumava ser definido. Hollywood, na melhor das hipóteses, perdeu completamente a criatividade. Mas, como um filme para assistir em uma tarde entediante, numa tarde chuvosa e escura, é um ótimo filme para passar o tempo. A obra é, pelo menos, coerente com o que se sabia sobre Esther no primeiro filme, a personagem manteve-se a mesma e é bastante consistente com o nosso conhecimento prévio da franquia. Um seis de dez. Como aquele aluno negligente, ele faz a lição mínima para não ser reprovado, mas o resultado disso é que ele se safa por pouco ou, como se diz corriqueiramente, ele “passa raspando”.
Trailer
Sinopse
Em Órfã 2: A Origem, Leena Klammer/Esther Albright (Isabelle Fuhrman) está de volta para nos mostrar sua mente perversa e instável. Nesta prequela ao filme original de 2009, depois de orquestrar uma brilhante fuga de uma clínica psiquiátrica da Estônia, Esther viaja para os Estados Unidos se passando pela filha desaparecida de uma família rica que procura uma menina por quatro anos. Após ser acolhida pela nova família, luxo e uma psicóloga, “Esther” começa a mostrar suas reais intenções com o pai e a mãe “biológicos”. Esther começa a ser vigiada por um detetive, que fará tudo para mostrar à família que a menina não diz ser quem é de verdade, colocando em risco a nova identidade da órfã. No entanto, surge uma reviravolta inesperada que a coloca contra uma mãe que protegerá sua família da ‘criança’ assassina a qualquer custo, mesmo que signifique sua própria morte e a de todos.
Mais análises
Visão geral
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- Categoria(s): Análises
- Desenvolvedor e/ou publisher: Gato Preto
- Marcador(es): Bolonha Club, Filmes, Filmes de terror, Jogos de Zumbi, Terror
- Postado por: Valewson