O mistério do Edifício Joelma
Considerado o terceiro maior incêndio e um dos maiores enigmas do Brasil.
Adicionado a 25 de setembro de 2023 por Valewson.Neste artigo, reunimos algumas informações sobre o mistério do Edifício Joelma, um dos mais imponentes prédios da história do centro de São Paulo, que ardeu em chamas por mais de quatro horas no dia primeiro de fevereiro de 1974.
Trata-se de uma estrutura cuja história talvez seja uma das mais lembradas do Brasil, seja pelas imagens chocantes do prédio em chamas e pessoas pulando, ou seja pelo seu alegado lado sobrenatural.
O local inspira muitos casos peculiares, até por considerarmos o local onde foi construído o prédio, as 13 almas nunca identificadas, os fenômenos ocorridos em seu interior. Mas a história é muito triste, pois mais de 191 vidas foram perdidas no incêndio do Edifício Joelma, além dos mais de 300 feridos.
Há quem diga que o filme americano de 1974, O Inferno na Torre (The Tower Inferno), foi inspirado neste trágico acontecimento, embora oficialmente a obra conte com roteiro baseado nos livros The Tower, de Richard Martin Stern, e The Glass Inferno, de Thomas N. Scortia.
Depois do incêndio, o Edifício Joelma ficou quatro anos interditado para obras. O local depois foi reformado e reaberto com outro nome — nome de Praça da Bandeira —, mas há muitos relatos de experiências sobrenaturais que aconteceriam lá até os dias de hoje. Alguns garantem que o lugar é cercado por uma estranha energia espiritual.
O local
Segundo testemunhas, o Edifício Joelma carrega uma maldição. De fato, o mistério começa antes da construção do Joelma, que estaria numa área amaldiçoada desde épocas pré-colombianas.
De acordo com historiadores, na junção dos riachos Saracura, o qual desce da região da Av. Paulista e o Itororó, um riacho que segue no sentido do centro de São Paulo pela Av. 23 de Maio, formando nessa junção o Vale do Anhangabaú, foi construído há alguns séculos atrás, um cemitério indígena (Pet Sematary?) para sepultar os membros da aldeia que ali existia na época. Com a destruição do cemitério devido ao avanço da cidade de São Paulo, muitos acreditam que o local sofre de uma maldição devido à profanação, tanto do território sagrado, como também das sepulturas que ali existiam. Detalhe, no subsolo do vale, corre o Rio Anhangabaú, que significa rio ou água do mau espírito em Tupi, pois os indígenas o consideravam um córrego maldito.
Depois, mas ainda a muito tempo atrás, quando ainda existia o flagelo da escravidão no Brasil, o local funcionou como pelourinho para castigar os desobedientes. Esta é uma lenda bastante famosa, mas, segundo o pesquisador Douglas Nascimento, não havia procedência de um pelourinho no local, pois costumavam ficar em locais de destaque e não podiam ficar próximos, pois já existia um que, hoje, é a entrada da estação de metrô da Liberdade.
Ainda em 1948, existia uma casa onde hoje é o Edifício Joelma. Nela morava o professor de química, Paulo Camargo, 26 anos, junto com sua mãe e duas irmãs. Paulo assassinou a tiros a mãe e as irmãs e enterrou os corpos em um poço que mandara construir no quintal da casa. Depois, Paulo suicidou-se. A polícia trabalhou com duas hipóteses para o crime. A primeira é que a família teria rejeitado uma namorada dele. A segunda é que Paulo teria matado a mãe e as irmãs porque elas portavam graves problemas de saúde e ele não queria cuidar delas. O mistério da morte de toda a família nunca foi desvendado. Depois do resgate dos corpos, um bombeiro acabou também se tornando vítima da maldição e morreu de infecção cadavérica.
Como podemos ver, só os antecedentes e curiosidades acerca da área onde foi erigido o Edifício Joelma já colaboram para toda essa aura de maldição, assombração etc.
A tragédia do Edifício Joelma
O texto a seguir é de autoria do perfil Crimes Reais e faz um resumo do caso, contando que o Edifício Joelma foi projetado pelo estudioso arquiteto Salvador Candia em 1969 e teve sua construção concluída em 1972. Situado no número 225 da Avenida 9 de Julho, em São Paulo, foi alugado pelo Banco Crefisul de Investimentos logo após a inauguração e era considerado seguro.
O edifício comercial é constituído por duas torres e 25 andares, sendo os 10 primeiros de garagem. Foi construído com o objetivo de dar novos ares modernos para a arquitetura do Centro de São Paulo, mas tudo mudou em 1974.
No dia 1 de fevereiro de 1974, às 08:54 da manhã, um ar-condicionado no 12° andar apresentou problemas técnicos e sofreu um curto-circuito, dando início ao incêndio que ganhou grandes proporções em questão de poucos minutos.
Três viaturas do Corpo de Bombeiros chegaram às 09:10 da manhã no local, com a tentativa de conter as chamas, mas as mangueiras dos caminhões não tinham pressão o suficiente para conter o fogo. Até este momento, quatro pessoas haviam saltado do edifício.
Bombeiros tentaram utilizar algumas escadas, mas eram baixas para alcançar os andares mais altos. Por sorte, tinham duas escadas Magirus de 45m que haviam comprado recentemente e perceberam que iam até o 12º andar, mas anexaram às escadas menores para chegar no 16º andar.
Era comum que, na época, os escritórios possuíssem diversos materiais inflamáveis, tais como móveis de madeira, pisos acarpetados, cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, que foram a razão para as chamas terem se espalhado rapidamente.
Em 30 minutos, o fogo se espalhou para quatro andares e causou pânico entre os funcionários. Pela alta temperatura, era inviável usar as escadas para sair do local e por essa razão, 422 pessoas utilizaram elevadores até a parada completa do sistema elétrico e sobreviveram.
Contudo, 13 corpos não identificados foram encontrados no elevador. Era impossível de identificar, pois os restos mortais estavam misturados pelo fogo e danificados. Ao todo, 30 corpos nunca foram reconhecidos devido ao alto nível de carbonização.
Por essa razão, existe uma placa no Cemitério São Pedro, na zona leste de São Paulo, em homenagem. Na placa, consta “Às treze almas: somente Deus conhece seus nomes. Descansem em paz” com a data do incêndio abaixo.
Esses são os “Túmulos das 13 Almas” no cemitério São Pedro, em São Paulo, as 13 sepulturas uma ao lado da outra. Dizem que se ouve gritos de dor e sofrimento e, por isso, fiéis levam copos com água, leite, pão e deixam sobre os túmulos, como simbolismo para aliviar as almas.
Como não tinha heliponto e não tinha sustentação no telhado para que as aeronaves pousassem com segurança, isso dificultava o resgate das vítimas, mas mesmo assim, os helicópteros foram cruciais para salvar a vida de muitos feridos.
O heliponto da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), que era vizinho do edifício Joelma, virou uma espécie de hospital de campanha e contou com o apoio de 44 médicos, enfermeiros e estudantes de medicina.
Segundo o que o engenheiro e secretário dos Serviços Municipais, Werner Zalouf, afirmou ao Jornal do Brasil, existia a grande possibilidade do calor ter atingido 900°C nas quatro horas de incêndio. A temperatura elevada consumiu 14 dos 25 andares (12º ao 25°).
Cerca de 1.500 pessoas, estas sendo bombeiros, médicos, enfermeiros, policiais, tropas de segurança e voluntários para doação de sangue, foram mobilizados a ajudar. Além de 14 helicópteros, 39 viaturas, todas as ambulâncias e todos os carros-pipa da prefeitura.
Segundo a Globo, mais de 60 pessoas que fugiram para o terraço morreram carbonizadas. A escada não possuía porta corta fogo e com isso, o edifício se tornou um duto de propagação de fogo, além dos extintores do pavimento não terem sido utilizados.
O Código de Obras do Município de São Paulo em vigor era o do ano de 1934 e não havia feito algum exame para analisar as novas condições da cidade devido ao avanço tecnológico. Não era obrigatório ter, por exemplo, plano de evacuação, heliponto ou escadas de emergência.
Mas dois anos antes do incêndio no edifício Joelma, no dia 24 de fevereiro de 1972, ocorreu um incêndio no edifício Andraus, de 32 andares, no bairro da República, por sobrecarga no sistema elétrico.
Nele, 16 pessoas morreram e 330 ficaram feridas, mas diversas sobreviveram por duas características cruciais: terraço na laje superior que suportava centenas de pessoas e um helicóptero, que foi o principal instrumento de resgate dos funcionários, e escada de emergência.
Considerado como o terceiro maior incêndio do Brasil, ficando atrás apenas da tragédia ocorrida no Gran Circus Norte-Americano (1961) e na Boate Kiss (2013), o Edifício Joelma teve 187 mortos (tanto carbonizados como pulando do prédio em desespero) e mais de 300 feridos.
O laudo pericial do Instituto de Polícia Técnica concluiu que os fios usados por um dos eletricistas que instalou o ar-condicionado no 12º andar eram sucata emendada e com espessuras inferiores ao exigido pelas correntes elétricas.
Segundo o Estadão, três empresas receberam acusações a respeito do caso: o Banco Crefisul (inquilino do prédio); a Joelma S.A Importadora Comercial e Construtora (construiu o prédio); e a Termoclima Indústria e Comércio Ltda (que instalou os aparelhos).
De acordo com investigações, Alvino Fernandes e Sebastião da Silva, eletricista e ajudante de eletricista, não tinham curso completo sobre eletricidade e nunca receberam orientação técnica do Departamento de Serviços Gerais, que era quem respondia por reparações elétricas.
Mesmo após uma semana da tragédia em Joelma, a Prefeitura de São Paulo divulgou um decreto, mas não constava nada sobre ter supervisão sistemática ou vistorias periódicas das instalações elétricas para verificar eventuais sobrecargas e afins.
Em abril de 1975, a 3ª a Justiça condenou o incêndio como criminoso e variaram de dois a três anos de reclusão aos condenados: o proprietário de uma empresa de ar-condicionado (Walfrid George), um gerente (Kiril Petrov) e três eletricistas (Alvino, Sebastião e Gilberto).
Após o incêndio, o edifício Joelma ficou fechado por quase quatro anos para ser reinaugurado em 1978. Nos anos 2000, foi rebatizado de Edifício Praça da Bandeira. Atualmente, a legislação tornou-se moderna e escadas devem ser projetadas para resistirem a até 2 horas de fogo.
Tudo foi retratado no longa “Joelma 23º Andar”, que conta a história de Lucimar (baseada na datilógrafa Volquimar), uma das 191 vítimas fatais do incêndio. Clássico do cinema realidade, ele é baseado em uma mensagem psicografada pelo maior médium brasileiro Chico Xavier, e publicada no livro “Somos Seis”.
O filme é mostrado como a vítima foi recebida no plano espiritual. Mas se tornou um dos mais assustadores do cinema brasileiro porque enquanto as atrizes encenavam o momento em que algumas mulheres ficaram rodeadas pelo fogo, foram vistos rostos na parede.
Vídeos e documentários
A seguir, temos a edição do tenebroso programa Linha Direta que analisa o enigma do Edifício Joelma:
Como tem um especial do Canal Assombrado sobre o Edifício Joelma, aqui é que não poderia faltar. Para ainda mais informações, acesse a matéria completa.
O vídeo abaixo, do canal Fatos Desconhecidos, fala sobre com um incêndio histórico que deixou mais de 300 feridos e 187 mortos, o edifício Joelma deixou lembranças terríveis e histórias macabras:
A seguir, temos uma pesquisa do canal Ler ATé Amanhacer um pouco mais aprofundada na história do Edifício Joelma. Como se originou o incêndio, o resgate das vítimas e os responsáveis por uma das maiores tragédias do Brasil. O vídeo foca mais nos casos reais da tragédia, e é mais triste e chocante do que os supostos casos de fantasmas e maldições:
O próximo vídeo também é do Fatos Desconhecidos sobre o Edifício Joelma, apresentado pelo Ivan Lima, que conta mais detalhes:
O vídeo a seguir fala sobre o nacabro Crime do Poço: em novembro de 1948, Paulo Ferreira de Camargo matou sua mãe, Benedita, e suas duas irmãs, Maria Antonieta e Cordélia. Após atirar nas três mulheres, Paulo jogou os corpos no poço que mandara abrir no quintal de casa, na Rua Santo Antônio, número 104. Em 1974, o local seria palco de outra tragédia paulistana: o incêndio do Edifício Joelma:
Mais curiosidades e mistérios
Visão geral
- Visualizações: 86
- Categoria(s): Artigos
- Marcador(es): Assombração, Curiosidades, Jogos de Zumbi, Mistério
- Postado por: Valewson