Resenha da cerveja Trappistes Rochefort 8 [Bolonha Birita 2]

Este post é a minha análise da Trappistes Rochefort 8, uma cerveja belga trapista, de estilo Belgian Dark Strong Ale, produzida pela renomada Abadia de Notre-Dame de St. Remy desde 1955. Sua história remete à tradição monástica trapista, onde a produção de cervejas é limitada a algumas abadias espalhadas pelo mundo, e o lucro é destinado à caridade e à manutenção do monastério.

A Rochefort 8 evolui na própria garrafa, mantendo suas notas frutadas e sabores complexos mesmo após meses de envelhecimento. Nos primeiros meses, ela apresenta um aroma frutado com um sabor levemente amargo, enquanto após 6 meses, essas características se intensificam, tornando-a ainda mais complexa e agradável ao paladar. Seu aroma profundo e seu sabor equilibrado fazem dela uma das cervejas belgas mais prestigiadas mundialmente.

Note que esta resenha é uma bem antiga nossa que estava esquecida aqui. Ela foi feita na época anterior ao desastre conhecido como Dilma Rousseff, muito antes dos desastres atuais, quando ainda era possível comprar estas importadas gastando um pouco a mais, mas nada a um nível extorsivo. Portanto, pode ser que algumas considerações à cerveja possam estar desatualizadas.

Vídeo

Esta deliciosa, porém cara cerveja foi o tema do nosso segundo Bolonha Birita, o programa cervejeiro do Bolonha Club:

A seguir, temos a análise em texto, mais caprichada e enriquecida.

Visual

Ao servir, a Rochefort 8 exibe um tom laranja opaco, quase lembrando água suja, mas com um charme rústico e artesanal. A espuma é um espetáculo à parte: bege-claro, densa, cremosa e abundante, com uma durabilidade invejável. Esta Belgian Dark Strong Ale se dissipa lentamente, deixando marcadas as bordas internas do copo, o que só adiciona à experiência visual.

Odor

O alto teor alcoólico da Rochefort 8, com seus 9,2%, já deixa sua presença perceptível no aroma, mas de forma sutil. Seu odor, ao ser apreciado, traz notas de frutas secas, como ameixa e uva passa, que proporcionam uma doçura equilibrada, sem exageros. Ao fundo, uma leve lembrança de caramelo, remetendo àquelas tradicionais balas quadradinhas, dá um toque final ao bouquet aromático e sem ficar grudando na boca, como fazem as balinhas.

Paladar

Ao degustar esta cerveja trapista, o paladar segue fiel ao que o aroma promete. A doçura das frutas secas é predominante, sem ser enjoativa, balanceada por um leve amargor e uma sensação final mais seca. O teor alcoólico se faz presente, mas de forma harmoniosa, aquecendo sem agredir. A Trappistes Rochefort 8 é cremosa, com uma leve pegada condimentada, que contribui para o equilíbrio geral, evitando que a experiência se torne excessivamente doce. Por ser uma cerveja robusta e com sabores intensos, pode se tornar um pouco enjoativa para alguns, mas dado seu alto preço (ainda mais alto agora, por causa das parasitagens estatais) e caráter especial, uma garrafa é mais do que suficiente para a ocasião.

Carbonatação

A carbonatação dessa cerveja belga é moderada, e, junto com a espuma perene e cremosa, ajuda a potencializar a riqueza de sabores e odores que evoluem ao longo da degustação. Seu corpo denso e licoroso aumenta a sensação de plenitude no paladar.

Harmonização

Enquanto os produtores sugerem harmonizar a Trappistes Rochefort 8 com carnes vermelhas assadas, rabadas, goulash e caças, penso que uma combinação mais acessível, como castanha-do-pará, poderia trazer uma agradável surpresa ao paladar, equilibrando os sabores intensos da cerveja com um toque crocante e amanteigado.

Pra terminar, só digo aquela coisa: se você achar vendendo essa birita em algum lugar, gosta dessas importadas de alta qualidade e estiver disposto a moer grana, experimente. O problema é você viciar e largar a Glacial pra beber só essa incrível Belgian Dark Strong Ale.

Então, boa sorte!

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